domingo, 26 de outubro de 2014

#34- POUSIO, José Ricardo Nunes

Faz-me bem deixar
os poemas na secretária
por uns meses,
só família e corpo
e relatórios, projectos,
notas para a imprensa.

O ar do tempo revigora.
A linguagem faz-se rogada
e agarra-se aos objectos,
retira-lhe adjectivos.

O tempo vai transformando
os versos em mais coisas
que não reconheço,
meses depois, quando me sento
à secretária e volto a escrever
o poema de sempre.

Sem comentários:

Enviar um comentário

#96 - PERSISTÊNCIA, Rui Knopfli

Desmembrado, o corpo. Apenas um rosto, a imobilidade larvar da carne e o silêncio só excedido pelo livor que, sobre as feições, vai baixa...