sem névoas de fuga no olhar espantado.
Lançaram-lhe urtigas nos linhos do leito
e em todos os frutos sabor a pecado.
Fechar-se de novo no armário, no escuro?
A esperar mãos boas e lenços macios?
Quem traga nos lábios violados segredos,
varrendo os espectros de angústias e medos
nos olhos sombrios?
Mas no armário havia um cheiro de trevas,
um cheiro de infância,
um cheiro de choro chorado baixinho,
de sonho e silêncio,
de bruma e distância.
No drama e na farsa, o Poeta exibiu-se.
(Importa-lhe, agora, quem o vaia ou exalta?)
No espelho manchado de sol e poeira,
assim que apagaram a luz da ribalta,
o Poeta busca a face verdadeira.
Deixem-no sozinho, com olhos sombrios,
sofrer esse instante sem sonho e sem venda,
não venham mãos boas nem lenços macios:
Que ninguém o entenda! Que ninguém o entenda!