Desmembrado, o corpo. Apenas um rosto,
a imobilidade larvar da carne
e o silêncio só excedido pelo livor
que, sobre as feições, vai baixando,
sem doçura, nem misericórida.
Cerrados, os lábios configuram
a nudez próxima da maxila.
O sangue é já pó na poeira gretada
e o riso claro dos deuses,
que a brisa ligeira arrasta,
dissolve-se na frágil memória
da erva. Pela noite dentro,
na pausa lenta que perdura,
insinuante, sílaba a sílaba,
pertinaz instala-se o canto.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
Subscrever:
Mensagens (Atom)
#96 - PERSISTÊNCIA, Rui Knopfli
Desmembrado, o corpo. Apenas um rosto, a imobilidade larvar da carne e o silêncio só excedido pelo livor que, sobre as feições, vai baixa...
-
Incultas produções da mocidade Exponho a vossos olhos, ó leitores: Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, Que elas buscam piedade, ...
-
Desmembrado, o corpo. Apenas um rosto, a imobilidade larvar da carne e o silêncio só excedido pelo livor que, sobre as feições, vai baixa...