terça-feira, 9 de janeiro de 2018

#93 - ÚLTIMO SONETO, Carlos Queirós

Se me sobrevivesse, imperecida,
A memória da angústia que sofri
Na desordem do tempo em que vivi,
Já tinha fundamento a minha vida.

Debrucei-me na História, mas não vi
outra idade com esta parecida:
Tantos caminhos, tantos! e perdida,
A noção de chegar até aqui!

Árvore do passado! já não cabem
mais ilusões à sombra dos teus ramos...
E os teus frutos, agora, a nada sabem!

Poesia! onde me levas? onde vamos,
se as fórmulas antigas não nos abrem
O mistério da treva que sondamos!?

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